No entanto, na segunda metade do século 20, Schopenhauer foi deixado de lado e se tornou tão ignorado como foi na maior parte de sua própria vida. Vivo, só obteve reconhecimento depois dos 60 anos. De certo, isso o magoava, mas não o impediu de pensar de modo original e contrário ao pensamento oficial de seu tempo, que desprezou e atacou em suas obras.
Esqueçam-se, porém, esses aspectos todos, que são circunstanciais. O que importa é a filosofia schopenhaueriana. Esta se encontra exposta numa obra-prima que ele escreveu ainda na casa dos 20 anos: "O Mundo como Vontade e Representação", de 1818, e da qual lançou uma edição revista e ampliada (a definitiva) em 1844.
O ponto de partida schopenhaueriano foi a obra de Immanuel Kant, que, segundo Schopenhauer, constituiu um divisor de águas na filosofia que lhe antecedeu, a partir de Descartes. Kant concebe o mundo de uma maneira dualista, apontando dois aspectos da realidade:
1) aquele suscetível de ser experimentado pelo homem (sujeito), o mundo dos fenômenos, que são, por assim dizer, as coisas tais quais as percebemos (ou seja, uma relação entre sujeito que percebe e objeto percebido);
2) aquele não suscetível de ser experimentado, a coisa-em-si, incognoscível.