Pelo bicentenário seu Nascimento.
(9 de abril de 1821 - 31 de agosto de 1867)
Caro Maitre (Mestre) essa Humilde Homenagem
“Baudelaire no Brasil (ensaio)”
Hoje reli minha edição francesa de "As Flores do Mal”
Saudosos 1857...
Como uma humilde e sincera gratidão escrevo essa linhas.
Falar de Charles Pierre Baudelaire após quase 151 anos é ainda para mim necessário. Desmistificando a poesia em totalidade, trouxe-a para o homem da época; angustiado e descrente do positivismo que antes insuflava seus ventos... Agora tênues brisas...
Para a poesia comportada, beata, ele mostrava a outra face da moeda, a face de Caim:
Irreverência, satanismo, causticidade.
No bojo de sua obra vinha uma ânsia trágica, libertação...
Apesar do processo e dos momentos trágicos (o livro foi censurado na época, somente aparecendo em versão integral após sua morte.
Durante toda sua vida teve serias dificuldades financeiras e por fim sua saúde definhar até o seu óbito, irreverência, satanismo, causticidade.
No bojo de sua obra vinha uma ânsia trágica, libertação...
Apesar do processo e dos momentos trágicos
(o livro foi censurado na época, somente aparecendo em versão integral após sua morte.
Durante toda sua vida teve sérias dificuldades financeiras e por fim sua saúde definhar até o seu óbito)
Conseguiu ele deixar sua marca na literatura mundial, e sua influencia chegou a certo país
da América do sul...
Antigamente chamada “Pindorama” (em tupi-guarani pindorama; "terra/lugar/região das palmeiras")
... Brasil.
Provavelmente o mais antigo influenciado por ele foi o poeta Carlos ferreira (por coincidência "Carlos em Frances e inglês é...” Charles “...)
em seu livro "Alciones” (publicado em 1872) foi encontrado um poema de cunho baudelairiano chamado "modulações”; imitação ou paráfrase do
poema "O Balcão".
em 1876 Fontoura Xavier (1856-1922) no seu livro "Opalas”
(1884) existem dois poemas daquela época: "Pomo do Mal" e "Nevroses além de mais um sem data; "Flor da Decadência” com indiscutível influencia de Baudelaire nos títulos."
Teófilo dias em seu livro "fanfarras já manifesta nuances pré-simbolistas pela fluidez de seus ritmos e por seu colorido e aliterações (características plenamente simbolistas.)
O poeta simbolista Eduardo Guimaraens (que não possui parentesco com D. Alphonsus de Guimaraens) chegou a traduzir as Flores, que infelizmente ficou a espera de ser publicado.
Além de admirar Baudelaire, utilizou muito "sinestesias e correspondências”
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Raul Pompéia
Em 1883 Raul Pompéia (autor do celebre livro "o Ateneu) no jornal do comércio começa a publicar "Canções sem Metro”, impregnado de imagens pré-simbolistas:
Inclusive no mesmo livro há um trecho onde surge a palavra correspondência (“título de um soneto publicado no livro As Flores do mal”)
As canções sem metro
Vibrações
Comme des longs échos qui de loin se confondent
Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste comme la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se repondent.
- BAUDELAIRE
Vibrar, viver. Vibra o Abismo etéreo à música das esferas; vibra a convulsão do verme, no segredo subterrâneo dos túmulos. Vive a luz, vive o perfume, vive o som, vive a putrefação. Vivem à semelhança os ânimos.
A harpa do sentimento canta no peito, ora o entusiasmo, um hino, ora o adágio oscilante da cisma. A cada nota, uma cor, tal qual nas vibrações da luz. O conjunto é a sinfonia das paixões. Eleva-se a gradação cromática até a suprema intensidade rutilante; baixa à profunda e escura vibração das elegias.
Sonoridade, colorido: eis o sentimento.
Daí o simbolismo popular das cores.
Em 1865 nasce o Venceslau de Queirós chamado de "Baudelaire Paulistano "pelo também poeta Ezequiel Freire.
Eis um Poema do mesmo:
Venceslau de Queirós
"Gelo Polar"
Role do tempo na limosa penha
Um ano mais, e venha mais um ano,
Role este ainda, e mais um outro venha...
Que importa! Se no seio teu não medra
Desengano nenhum, nenhum engano,
Pois que ele abriga um coração de pedra.
A indiferença é tanta, é tanta a neve
Que no teu seio álgido se acama,
Do teu amor é tão gelada a chama,
Que a amar-te, estátua, já ninguém se atreve...
E se eu te desse o meu amor, em breve
Sei que se tornaria, altiva dama,
O meu amor, a minha ardente chama,
- ... Um urso branco uivando sobre a neve.
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Cruz e Sousa nos fala em sua obra de "Florescência do Mal",
Em vários títulos de seus textos demonstram essa influencia: "Tristeza do Infinito", "Sem Esperança”, "Caveira",
"A Flor do Diabo”; "Anjos Rebelados”. Além disso, há um texto do livro "Evocações" chamado "inferno" onde Cruz e Sousa homenageia seu "Maitre” (mestre):
“No Inferno. Mergulhando a Imaginação nos vermelhos Reinos feéricos e cabalísticos de Satã, lá onde Voltaire faz sem dúvida acender a sua ironia rubra como tropical e sangüíneo cáctus aberto, encontrei um dia Baudelaire, profundo e lívido de clara e deslumbradora beleza, deixando flutuar sobre os ombros nobres a onda pomposa da cabeleireira ardentemente negra, onde dir-se-ia viver e chamejar uma paixão".
Depois de duas páginas de descrição visual do mundo de Baudelaire, irrompe Cruz e Sousa com emoção; "Ah! se tu soubesses com que encanto ao mesmo tempo delicioso e terrível, inefável, eu gozo todas as tuas complexas, indefinidas músicas; os teus asiáticos e letíficos aromas de ópios e de nardos; toda a mirra arábica, todo o incenso litúrgico e estonteante, todo o ouro régio tesourial dos teus Sonhos Magos, magnificentes e insatisfeitos; toda a tua frouxa morbidez, as doces preguiças aristocráticas edênicas de decaído Arcanjo pelas Antiguidades da Dor, mas inacessível e poderoso, mergulhado no caos fundo das Cismas e de cuja Onisciência e Onipotência divinas partem ainda, excelsamente, todos os Dogmas, todos os Castigos e Perdões!".
De novo pouco adiante: "Ah! se tu soubesses como eu intensamente sinto e intensamente percebo todos os teus alanceados, lacerados anseios, todas as tuas absolutas tristezas dormentes e majestosas, o grande e longo chorar, o desmantelamento das tuas noites soturnas, as fascinadoras ondas febris e ambrosíacas da tua insana volúpia, as bizarrias e milagrosos aspectos da tua rebelião sagrada; a fulnativa ironia dolorida e gemente, que evoca melancolias de dobres pungentes de Réquiem aeternam rolando através de um dia de sol e azul, vibrados numa torre branca junto ao mar!... Como eu ouço religiosamente, com unção profunda, as tuas Preces soluçantes, as tuas convulsas orações do Amor! Como são fascinativos, tentadores e embriagantes os perfumosos falernos da tua sensação, os esquecidos Reinados enevoados e exóticos onde a tua clamante e evocativa Saudade implorativa e contemplativamente canta, ondula e freme com lascívia e nonchalance! A tua inviolável e milenária Saudade, velha e antiga Rainha destronada, aventurosa e famosa, que erra nos brumosos e vagos infinitos do passado, como através das luas amarguradas e taciturnas do templo!".
Por fim ,Cruz põe a seguinte epigráfe em Broqueis (1893):
"Seigneur, mon Dieu! Donnez-moi la grâce de produire quelques beaux vers qui me prouver que je ne suis pas le dernier des hommes, que je ne suis pas inférieures à celles qui le mépris.
C.Baudelaire
Tradução:
"Senhor, meu Deus, me dê a graça de produzir alguns belos versos que provam que eu não sou o menor dos homens, eu não sou inferior àqueles que desprezo. Emiliano Perneta curitibano (1866-1921)
Também bebeu da fonte do grande maitre, a isso atesta os títulos desses poemas "Luxuria", "Tentação". Ha inclusive um cujo titulo "a uma transeunte" e
Teria um "antepassado" nas "Flores do mal".
Severiano de Rezende foi outro também influenciado pelo gran maitre Frances, que inclusive foi para Paris onde se casou e ficou em definitivo (voltou ao Brasil em 1915 para uma curta visita e receber uma homenagem com seu amigo Alphonsus em Belo horizonte)
Em sua vida parisiense colaborou na seção Lettres Brésiliennes no
Mercure de France.
Ah Maitre, quantos não foram embriagados e possessos
Pela embriaguez Rara do vinho de seus Versos!
Evoé